Blog da Mota: Loucura minha

segunda-feira, outubro 15, 2007

Loucura minha

Louco, sim, louco, porque quis grandeza
Qual a sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não que há.

Minha loucura, outros que me tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais do que besta sadia,
Cadáver adiado que porcaria.

Este poema foi escrito pelo grande poeta português Fernando Pessoa, é intitulado de D. Sebastião rei de Portugal, é fantástico não é, hoje na minha aula de Português foi analisado este poema, e eu rapidamente fiquei cativado por ele.
E perguntam vocês o porque de me ter deslumbrado por tal poema, o que é que um poema de duas estrofes tem de tão especial, a resposta esta no próprio poema, simplesmente me cativa a própria loucura do poema.
A definição que Pessoa dá á loucura é simplesmente brilhante, fazendo ainda melhor, pondo essas palavras na boca de um rei que sonhava demasiado alto.
A loucura de Pessoa é a minha, sim também eu sou louco, pois quero grandeza, mas ao contrário de D. Sebastião, não quero a grandeza das terras, nem das fortunas Árabes, nem mesmo a fama, apenas pretendo a grandeza de espírito.
A grandeza de espírito, a paz interior é algo que procuro á muito tempo, dia após dia, busco nas coisas mais pequenas da vida, algo que me faça sentir bem, que me faça sentir vivo, útil, e ao mesmo tempo relaxado e feliz.
Apenas consigo pequenos momentos como esses, nesta minha existência que parece um turbilhão de acontecimentos, até agora apenas descobri uma coisas que faz com que o meu mundo se equilibre, que eu solte a minha própria frustração, e que ao mesmo tempo me faz sentir que sou útil e mais que um simples ser humano, isso é a escrita.
Só esta me dá a possibilidade de expressar o que sinto, o que tenho dentro de mim e não sai por muito que desabafe com alguém, é sem duvida a escrita que mantêm o meu ser vivo, independentemente se é poesia ou prosa, o que eu preciso é de escrever.
Isso sim, isso é que é a grandeza de espírito, isso é o que eu procuro, são nestes pequenos momentos de inspiração literária que me sinto como um pássaro, que sinto que não á limites para sonhar, posso dizer que tenho ambição, e essa ambição é no fundo espalhar as minhas palavras por aqueles que por elas querem ser tocados, e fazer pensar aqueles que dizem não ser loucos.
“Sem a loucura que é o homem mais que a besta sadia”, o que é o homem sem poder criar, ambicionar algo, pois não passara de um mero pedregulho que esta na terra sem qualquer vontade de singrar na vida ou fazer a diferença, passando a sua vida na sombra de um rotina taciturna, ou apenas um “cadáver adiado”, a isso eu chamo de porcaria.
Se ser louco é ser sonhador, diferente, criativo, ambicioso, então chamem-me louco, ponham me no hospício, pois eu sou o maior deles todos.

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