Blog da Mota: Morte dos sonhos e a ocupação do Vazio

segunda-feira, novembro 05, 2007

Morte dos sonhos e a ocupação do Vazio


O meu mundo desabou, os pequenos farrapos que restavam de um sonho, que não era vida, não era nada, apenas ilusão que não me deixava ver o quanto é dura uma queda, esse mundo morreu.
Apenas sobraram as cinzas, de como uma cidade se tratasse, o meu mundo foi atacado e dizimado pela força barbara da realidade, apenas deixando as cinzas e um rasto de destruição que não passam de memorias de um tempo sonhar era possível e viver um simples sorriso.
Sou incapaz de descrever o que vi, sou incapaz de explicar o que senti, apenas sei que foi levado pelo silêncio e pelo vazio, aquilo que ainda fazia feliz.
Minto, pois no meio da escuridão e do medo, por entre a penumbra e o fracasso, a maravilha pela qual me apaixonei profundamente, um dos últimos elementos neste mundo que me faziam inspirar profundamente e seguir com esta vida tumultuosa sem sentido, foi levado pela ganância e pela crueldade humana.
Que recordações dessa ilusão esse local me trazia, que aroma tão suave e tão frágil, ainda me consigo recordar, de sentir os cabelos de um anjo sobre as minhas mãos, e esse jardim que me envolvia, a mim e ao anjo, anjo esse, jardim esse que hoje não passam de meras memorias, da minha inútil existência.
Ao ver o vazio no mundo, a memoria troce-me as palavras que o anjo me proferiu nessa tarde de fantasia, “Jamais voltaras a este jardim, jamais me sentiras assim, o tempo é algo que não podes compreender, com ele viaja a vida, essa também não a compreenderas, de mim deixo-te apenas recordações que te atormentaram para toda a vida, mas descansa pois um dia ainda me poderás tocar, mas jamais te amarei como me vais amar”.
Do cimo daquele telhado velho e gasto pelo tempo, observo a tristeza que se abre sobre o meu espírito e sobre a terra que já amei, mas que não consigo amar de novo, este silencio, este vento que agora corre sem ser parado pelas folhas fortes das arvores que ali existiam.
O velho terreno olha para mim, conhece-me bem, sempre sentiu que eu sentia, mas agora chora, chora porque não consegue sentir, e deslumbra o seu velho, e acabado companheiro sem forças para lutar, sem direcção para ir, injuriado e devastado, este também solta uma lágrima, que escorre pelo rosto, e sem vergonha escorre a te ao solo que no passado já foi o seu paraíso.
Lentamente, vou sentido que os meus sonhos morrem, ainda mais lentamente vejo o vazio que se aproxima, não tenho receio, deixo entrar, pois não á mais nada que possa preencher o meu espírito, e a partir deste dia, espero que o anjo chegue, até lá sobrevivo escrevendo, escrevo sem o dom e sem a vontade que já se esgotou.
Á minha frente encontra-se uma dura travessia pelo deserto, não sei se alguma fez o passarei, nem se tenho forças para o atravessar, mas sei que do outro lado se encontra o Jardim dos sonhos mortos.
Não faço parte do mundo onde estou, onde não sou compreendido, é por isso que pretendo viver na sombra, e medito, fantasio, a ilusão de voltar para o nosso jardim, meu e do anjo, lá sim, poderei ser feliz.
Apenas deseja ter sanidade para poder ouvir esta musica enquanto busco o meu caminho até lá, Waiting On An Angel.

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