Blog da Mota: Ao Primeiro escrevo o que penso

segunda-feira, novembro 26, 2007

Ao Primeiro escrevo o que penso


Pai, foste cavaleiro.
Hoje a vigília é nossa.
Dá-nos o exemplo inteiro
E a tua inteira força!

Dá, contra a hora em que, errada,
Novos infiéis vençam,
A bênção como espada,
A espada como bênção!
Fernado Pessoa

Pai, foste tu quem criou esta pátria já esquecida, infectada pelo próprio sangue, foste tu que com a ambição de ser maior do que aquilo que todos os sábios homens diziam que podias ser, foste tu com essa mão que repousa num gelado tumulo, que abris-te o caminho para o desconhecido.
Mas que desconhecido é este pelo qual teus olhos se inundaram de lágrimas para ver desbravado, serão mouros, serão mares, ou serão apenas sonhos que nem tu nem os nossos sonham atingir?
Que pensas tu pai, quando os teus castelos são vistos com olhos de troça, deixando morrer os teus passos pelo luar, quando vislumbravas terras que não eram tuas, mas que a vontade de as glorificar era maior do que o sonho de qualquer rei imundo.
Diz-me Pai, se o povo pelo qual lutas-te, pelo o qual eu escrevo, não está munido de uma forte falta de patriotismo, diz-me pai, se á razoes para que os meus olhos se afoguem em lágrimas, dia após dia, depois da nossa pátria ser atingida pela inferioridade rotulada por homens sem escrúpulos, insensíveis a todo o que é arte.
Fulmina-me o coração saber que a pátria que amo, é sem hesitar, ferida com criticas, insultos, que posso eu fazer, dizer ou até mesmo escrever, para que esta tua gente esquecida e ingrata, olhe para a bandeira que deixas-te ficar hasteada, e sinta o orgulho que sinto, o orgulho de um verdadeiro peito Lusitano.
Que interessa, a esta gente sombria, aqueles que pela sua pátria perderam a vida, a que é que á gente da cobiça e luxúria, serve estas palavras escritas por um patriota à beira-magoa, que sofre por uma amada a qual não poderá tocar, nem cantar os versos que para ela escreveu.
Dai a tua bênção á minha espada para que possa combater os infiéis de hoje, e dai-me a toda a tua força e bravura, para que possa continuar a olhar com franqueza para esta bandeira que empunho, com a franqueza de ser português, e nada mais querer, apenas sentir essa bandeira no meu peito.
Tu, com a tua espada abris-te as portas do Quinto império, eu com uma caneta e um papel amarrotado serei mais um a remar para esse infinito de ideias, turbilhão de pensamentos, e para junto da perfeição.
Pai, foste cavaleiro, agora eu sou poeta.

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